Stay in touch
Subscribe to our RSS!
Oh c'mon
Bookmark us!
Have a question?
Get an answer!

Projetos ambientais

O que são?

São Iniciativas de cidadãos comuns garantem as melhorias necessárias em suas comunidades.
É para melhorar a vida de muitas pessoas que organizações comunitárias se mobilizam em nome de um bem comum. Elas lutam por melhorias no meio ambiente, na vida cotidiana e profissional dos cidadãos. Assim essas comunidades têm voz e vez nas discussões governamentais e públicas.


A Secretária Especial de Relação com a Comunidade (Serc) orienta 40 associações comunitárias em Curitiba, e foi criada para diminuir os problemas que essas comunidades enfrentavam no processo de sua constituição, orientar e treinar seus coordenadores e disponibilizar suporte eletrônico para essas instituições. “A Serc se responsabiliza pela inclusão digital dos moradores e leva equipamentos eletrônicos até essas associações, para que todos tenham acesso à internet e a outros recursos”, afirma Rodrigo Schmidt, coordenador da Serc.


Associações que deram certo


Projetos como a recuperação do lago São Lourenço demonstram que a união de moradores pode transformar um bairro, uma cidade e até um estado. A Associação dos Moradores e Amigos do São Lourenço acreditou nessa idéia e correu atrás de mudanças, tanto na segurança e saneamento básico do bairro como também no meio ambiente que o rodeia. “Quando a associação foi formada, a primeira providência que tomamos foi realizar uma grande pesquisa para saber quais eram as prioridades dos moradores, 80% responderam que a maior preocupação era com o meio ambiente, e a partir daí tomamos as providências necessárias”, diz Cezar Paes Leme, presidente da AMASL.


O bairro São Lourenço sofria há muitos anos com o mau cheiro da poluição no rio Belém, que podia ser sentido a 50 metros de distância. Através da associação, o lago foi despoluído e hoje o mau cheiro já não existe. Esse projeto ganhou parcerias, tanto da população do bairro quanto de outras pessoas de fora da comunidade, que ajudaram na conscientização e nas ações ambientais pela despoluição do São Lourenço. O projeto deu tão certo – 50 nascentes foram recuperadas – que hoje existem patrulhas ambientais espalhadas pela capital, para proteger as nascentes de outros rios. A campanha pela despoluição do rio Belém, “Viva Belém”, é outro projeto que visa à despoluição de todas as nascentes do rio até 2011. “O projeto Viva Belém está sendo um sucesso, foi citado como exemplo de projeto urbano no Comitê das Nações Unidas, é uma grande vitória”, afirma o presidente da AMASL.


A AMASL conta com 190 parceiros do comércio e de indústrias, além de 75 escolas e mais de 23 mil alunos para a preservação do meio ambiente. Os bairros Bacacheri e Atuba são aliados dos projetos ambientais da AMASL, e ajudam na recuperação da mata ciliar dos rios que cortam a capital.


Outro exemplo é a Associação dos Núcleos Artesanais da Vizinhança. Em 1980 a crise de desemprego se alastrava por todo o Brasil, em Curitiba não foi diferente. Por esse motivo, em 1982, artesãos se juntaram e fundaram a associação, com o objetivo de organizar núcleos de produção para comercializar e divulgar os produtos fabricados. No começo eram 48 artesãos, após vinte anos a ANAV registra 480 associados e aproximadamente 2.400 pessoas passaram pela associação. “Após 26 anos a ANAV possui sede própria, a Federação dos Artesãos do Paraná e a Confederação das Federações dos Artesões do Brasil foram fundadas, conquistamos a regulamentação da profissão e o cadastramento dos trabalhadores na previdência social”, diz Deonilda Machado, presidente da Associação dos Núcleos Artesanais da Vizinhança.


A vontade de ser voluntário


Outra iniciativa, o Centro de Ação Voluntária de Curitiba direciona e orienta os interessados no voluntariado para instituições que precisem de auxílio. O CAV está a dez anos na capital, e oferece semanalmente palestras gratuitas, que informam os interessados sobre quais os deveres, direitos e responsabilidades dos voluntários. Segundo a assessoria de imprensa do CAV, atualmente, o Centro conta com 85 instituições cooperadas, atende empresas como Itaipu Binacional, HSBC e O Boticário na forma de consultorias, no sentido de promover o voluntariado transformador.


Em 2007 mais de 2400 pessoas procuraram o Centro para se voluntariar, sendo 75% mulheres. Em 63 palestras oferecidas, 1410 pessoas compareceram, 55% delas estavam inseridas no mercado de trabalho, revelando a grande participação de profissionais que contribuem para a profissionalização do terceiro setor. Desse total, 29% são estudantes e 60% são jovens entre 18 e 30 anos.


Comunicação


Existem inúmeras maneiras de fazer a diferença, e não deixar nas mãos dos governantes a rsponsabilidade sobre os problemas que enfrentamos no dia-a-dia. As rádios comunitárias são outro exemplo de iniciativa, acessível e eficaz para quem tem interesse na área.


O Comunicação conversou com um dos representantes do ramo, que esteve presente no último encontro de Rádios Comunitárias, em Ponta Grossa. Juliano Lourenço Gotardo é integrante da comunidade Emiliano Zapata, grupo de assentamento do MST na região rural de Ponta Grossa. Ele vive na comunidade há sete anos, e é locutor da rádio comunitária.


Comunicação: Como começou a rádio comunitária na comunidade Emiliano Zapata?

Gotardo: Essa rádio é um projeto de um frei, que veio da Itália, e através desse projeto a gente teve a oportunidade de estar montando essa rádio, junto com o setor de comunicação do MST, de Curitiba, que acompanhou a gente desde o início, deu oficinas na linha da comunicação livre. A rádio já tem um ano e meio ela se caracteriza como uma rádio livre porque ela não tem o mesmo caráter de radio comunitária e muito menos de rádio comercial. Ela é sem propagandas, e como total apoio e participação da comunidade. Ela tem também o papel de transmitir para a sociedade, já que os meios de comunicação que a gente tem não transmitem realmente como é o MST e como a gente sobrevive, que a gente é, então a nossa rádio tem esse papel. Pro pessoal de Ponta Grossa e região ela expande a nossa realidade.


Comunicação: O apoio financeiro para a compra dos equipamentos e criação da rádio veio de onde?

Gotardo: Veio da Itália, a partir do projeto desse frei. Pra gente foi muito importante, porque a gente nem imaginava trabalhar com comunicação. E a gente tendo as oficinas, entendendo um pouco sobre comunicação, a gente vê que é indispensável, principalmente para a gente, que é tão discriminado, nós podemos mostrar a nossa versão, de como é a nossa realidade, e isso é fundamental. E também ver que a comunidade participa, tanto com apresentações na rádio, no entretenimento, quando as pessoas pedem pra falar alguma coisa no programa, ou pra mandar um abraço. E pra mim, essa comunicação, da gente que é locutor, para com quem a gente convive constantemente, ela é muito importante e ela é precisa no rádio. A gente se sente bem e acredita também que quem ta ouvindo gosta da comunicação popular, porque ela é simples, mais objetiva e com caráter de realmente a gente fazer essa transformação da comunicação.


Comunicação: Há quanto tempo a rádio está no ar? Desde o inicio ela funciona seguindo as exigências da legislação?

Gotardo: Ela está no ar há um ano e meio e a gente está resistindo aí. Vamos ver até onde a gente vai, sem ilegalidade nenhuma aí.


Comunicação: O que você destaca como melhorias que rádio trouxe para a comunidade?

Gotardo: A gente pode destacar algumas coisas. Pra região aqui, só pelo papel de saberem mais sobre a nossa realidade já é bom. Mas na comunidade, a gente vê que o pessoal interagiu muito bem com essa questão da rádio, eles já se identificam como integrantes da comunicação que eles têm lá e eles também sabem, compreendem e ajudam a sustentar essa rádio lá, tanto que a gente precisa dessa compreensão deles e do apoio pra continuarmos resistindo no ar, se não a gente não consegue.


Comunicação: Vocês recebem algum apoio externo, além do apoio da própria comunidade?

Gotardo: Apoio de entidades, apoio da igreja, o MST, agora já caracterizado como uma linha a seguir com os movimentos sociais, então a gente tem o nome de via campesina, que é a integração de todos os movimentos sociais, e o MST está se fortalecendo cada vez mais dessa forma, porque sempre tem alianças com outros movimentos que lutam em vários setores da sociedade, então a gente tendo essa aliança é com certeza positivo e é preciso para que a gente possa resistir no ar.

E o pessoal compreende que é preciso a comunicação popular e que é importante isso que está acontecendo aqui na universidade, que é discutir a importância da comunicação na sociedade. Pra gente é muito importante essa troca de informação e de conhecimento.

Reportagem Luciane Cordeiro e Juliana Vitulskis
Edição Mariana Ohde
getty images